Reforma Tributária: o Simples Nacional vai acabar?

A reforma tributária aprovada pela Emenda Constitucional 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar 214/2025 trouxe mudanças profundas no sistema de impostos brasileiro. 

Diante da aprovação da reforma, entre micro e pequenos empreendedores, a principal dúvida é: o Simples Nacional vai acabar?

Esse regime tributário, que simplifica a apuração e o pagamento de impostos, é utilizado por mais de 20 milhões de empresas no Brasil, representando cerca de 90% dos CNPJs ativos. Mas com a reestruturação dos tributos sobre o consumo e a criação de novos impostos, é natural que haja apreensão.

Neste artigo, você vai entender se o Simples Nacional continuará existindo, quais mudanças ele sofrerá, o que a reforma altera na prática para quem está nesse regime e como se preparar para o novo cenário.

O que é o Simples Nacional e por que ele é tão importante?

Criado pela Lei Complementar nº 123/2006, o Simples Nacional nasceu para facilitar a vida de microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), reunindo em uma única guia (o DAS) vários tributos federais, estaduais e municipais.

No regime atual, o pagamento unificado do Simples pode englobar:

  • IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica)
  • CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
  • PIS (Programa de Integração Social)
  • COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social)
  • CPP (Contribuição Previdenciária Patronal)
  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
  • ISS (Imposto sobre Serviços)

Além da simplificação, as alíquotas progressivas de acordo com o faturamento tornam o regime mais competitivo, especialmente para negócios com margens de lucro mais apertadas.

O Simples Nacional vai acabar com a Reforma Tributária?

A boa notícia é que o Simples Nacional não será extinto, ou seja, o tratamento diferenciado e favorecido para micro e pequenas empresas, será mantido, incluindo o regime unificado de arrecadação.

Na prática, o Simples Nacional continuará existindo, mas passará por ajustes para se adaptar à nova estrutura de tributos sobre o consumo.

O que muda para empresas do Simples Nacional?

A principal alteração é a forma como alguns tributos serão recolhidos. Com a reforma, haverá a substituição de impostos atuais por novos, como:

  • PIS e COFINS → substituídos pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços)
  • ICMS e ISS → substituídos pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)
  • Criação do Imposto Seletivo (IS), que incidirá sobre produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente

Com essas mudanças, as empresas do Simples terão duas opções:

1.Permanecer com o recolhimento integral dentro do Simples Nacional: Nesse caso, todos os tributos (incluindo CBS e IBS) serão pagos de forma unificada no DAS, assim como hoje.

2.Optar pelo recolhimento parcial (modelo misto): Nessa opção, a empresa permanece no Simples, mas recolhe a CBS e o IBS separadamente, fora do DAS.

 Os limites de faturamento do Simples Nacional vão mudar?

Por enquanto, os limites permanecem os mesmos:

  • ME: até R$ 360 mil por ano
  • EPP: até R$ 4,8 milhões por ano

No entanto, existem propostas em discussão para ampliar esses limites, especialmente o do MEI, acompanhando a inflação e a realidade do mercado.

Quais setores podem sentir mais os impactos?

Embora o Simples continue existindo, alguns setores podem sentir mais as mudanças, principalmente:

  • Empresas industriais e de comércio que vendem para outras empresas
  • Negócios que fazem parte de cadeias produtivas complexas
  • Empresas que atuam com bens ou serviços que possam ser tributados pelo Imposto Seletivo

Como se preparar para as mudanças?

Com a nova estrutura tributária entrando em vigor de forma gradual entre 2026 e 2033, é essencial que empreendedores adotem medidas preventivas e estratégicas.

  • Reavalie o regime tributário

Mesmo que o Simples continue sendo vantajoso para muitos, vale a pena simular cenários no Lucro Presumido ou Lucro Real, considerando a possibilidade de aproveitamento de créditos de IBS e CBS.

  • Invista em controle financeiro e contábil

Com a possibilidade de recolhimento parcial, o controle de receitas, despesas e créditos tributários será ainda mais importante para evitar erros e perdas financeiras.

  • Esteja atento ao enquadramento

Mudanças de faturamento, atividades e CNAEs podem impactar diretamente a viabilidade do Simples Nacional como regime mais econômico.

  • Acompanhe atualizações legislativas

A regulamentação do IBS e CBS, assim como os critérios para o recolhimento misto, ainda pode passar por ajustes.

Oportunidades que a reforma tributária pode trazer para empresas do Simples Nacional

Embora muito se fale sobre os desafios e incertezas, a reforma tributária também pode abrir espaço para novas oportunidades de crescimento para micro e pequenas empresas. 

Com a simplificação e unificação de tributos, espera-se uma redução no tempo gasto com obrigações acessórias, liberando o empreendedor para focar mais na gestão e nas vendas.

Outro ponto positivo é que, com as regras mais padronizadas entre estados e municípios, será mais fácil para empresas do Simples expandirem suas operações para outros mercados, sem enfrentar tantas diferenças de alíquotas e legislações fiscais locais. 

Além disso, a possibilidade de acesso a créditos tributários gerados pelo IBS e CBS podem ajudar a melhorar a competitividade perante empresas enquadradas em outros regimes fiscais. 

Com um bom planejamento, muitas empresas poderão aproveitar melhor esses créditos para reinvestir no negócio, inovar e ganhar mercado.

Papel da contabilidade na transição para o novo modelo

Contar com uma contabilidade especializada é fundamental para:

  • Analisar qual modelo de recolhimento será mais vantajoso
  • Simular impactos financeiros de cada cenário
  • Garantir o cumprimento das obrigações fiscais e acessórias
  • Apoiar o empresário na tomada de decisão

Conclusão: O Simples Nacional continua, mas com adaptações

A reforma tributária não acaba com o Simples Nacional, mas o adapta à nova realidade de impostos. O desafio para os empreendedores será escolher a forma mais vantajosa de recolher tributos, equilibrando simplicidade e economia.

Empresas que fizerem um planejamento tributário antecipado e se apoiarem em uma contabilidade experiente terão mais chances de se manter competitivas nesse novo cenário.

A Gescontil Contabilidade está preparada para ajudar sua empresa a entender as mudanças, simular cenários e adotar a melhor estratégia tributária para continuar crescendo.

Fale com nossa equipe e prepare-se para a nova fase do Simples Nacional!

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