A reforma tributária aprovada recentemente no Brasil é considerada uma das maiores mudanças já realizadas no sistema de impostos do país, e entre as principais novidades estão dois novos tributos que prometem simplificar a cobrança e reduzir distorções: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
Mas afinal, o que significam esses impostos? Como vão funcionar? E quais os impactos para empresas e consumidores? Vamos detalhar tudo a seguir.
Por que o Brasil criou o IBS e a CBS?
Antes da reforma tributária, o sistema fiscal brasileiro era visto como um dos mais complexos do mundo. Sobre um mesmo produto ou serviço, poderiam incidir diferentes tributos, cada um com regras próprias, como:
- ICMS (estadual);
- ISS (municipal);
- PIS (federal);
- Cofins (federal);
- IPI (federal).
Isso gerava problemas sérios, como:
- Custo elevado para cumprir obrigações fiscais.
- Insegurança jurídica, devido às diferenças de interpretação entre União, estados e municípios.
- Cascata de impostos, em que o mesmo produto era tributado várias vezes ao longo da cadeia.
- Competitividade reduzida, pois empresas gastavam tempo e dinheiro para entender e pagar tributos.
A solução encontrada foi adotar um sistema inspirado no IVA (Imposto sobre Valor Agregado), usado em diversos países.
No Brasil, esse IVA será dual, dividido em dois tributos: o IBS (estadual/municipal) e a CBS (federal).
O que é o IBS?
O IBS – Imposto sobre Bens e Serviços será administrado por estados e municípios. Ele substituirá dois tributos existentes:
- ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
- ISS (Imposto sobre Serviços).
Principais características do IBS:
- Incidência ampla: Valerá para bens, serviços e até importações.
- Não cumulativo: O imposto pago em uma etapa pode ser creditado na seguinte, evitando a tributação em cascata.
- Regra única em todo o país: Acaba com as diferentes legislações estaduais e municipais, encerrando a chamada “guerra fiscal”.
- Repartição automática da receita: O valor arrecadado será distribuído de forma proporcional para estados e municípios.
O que é a CBS?
A CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços será de competência federal e substituirá:
- PIS (Programa de Integração Social)
- Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
- Parte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Diferenciais da CBS:
- Unificação: Substituição de PIS e COFINS por um único imposto.
- Transparência: Será destacada na nota fiscal, facilitando o entendimento do valor pago.
- Simplificação: Regras únicas e mais claras para todo o país.
- Não cumulatividade plena: Assim como o IBS.
Como funcionará o modelo IVA Dual
O Brasil optou pelo IVA Dual, ou seja, dois impostos que funcionam de forma paralela. Na prática:
- O IBS será destinado a estados e municípios.
- A CBS será destinada à União.
- Ambos terão mesma base de incidência, ou seja, vão tributar bens e serviços de forma integrada.
- Para o contribuinte, haverá padronização de regras, reduzindo a burocracia.
Esse modelo busca equilibrar dois pontos:
- Simplificação para empresas.
- Manutenção da autonomia federativa, já que cada esfera de governo continua arrecadando.
Cronograma de implementação
A reforma não entrará em vigor de forma imediata. A transição será gradual, permitindo adaptação de governos e empresas. O cronograma previsto é:
- 2026: Início da cobrança teste da CBS e IBS com alíquotas reduzidas.
- 2027 a 2032: Período de convivência dos tributos antigos (ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI) com os novos.
- 2033: Substituição completa, com apenas IBS e CBS em vigor.
Essa transição longa evita choques na economia e permite ajustes técnicos antes da plena implantação.
Alíquotas do IBS e da CBS
As alíquotas ainda não foram totalmente definidas, mas estudos indicam que a soma dos dois impostos deve ficar entre 26% e 28%.
Pontos importantes sobre as alíquotas:
- Não cumulatividade reduz o efeito de “imposto sobre imposto”, comum hoje.
- Compras de mercadorias e insumos geram créditos, que por sua vez, serão utilizados para abater os impostos a pagar.
- Setores essenciais, como saúde, educação e transporte público, devem ter alíquotas reduzidas ou regimes especiais.
- O destacamento do imposto em nota fiscal trará mais transparência para o consumidor.
Vantagens do IBS e CBS
A criação desses tributos promete trazer benefícios importantes. Entre os principais:
- Simplificação do sistema tributário.
- Redução da burocracia para empresas, que gastarão menos tempo com obrigações acessórias.
- Fim da guerra fiscal, com regras unificadas em todo o país.
- Mais transparência para consumidores, que verão claramente os impostos na nota.
- Ambiente de negócios mais competitivo, atraindo investimentos.
Riscos e desafios da transição
Apesar dos avanços, a mudança também traz desafios. Alguns pontos de atenção são:
- Complexidade da transição, já que antigos e novos tributos vão coexistir por anos.
- Adaptação de sistemas e processos internos das empresas.
- Definição das alíquotas, que pode gerar aumento de carga para alguns setores.
- Repartição de receitas do IBS, que pode gerar conflitos entre estados e municípios.
- Capacitação de profissionais de contabilidade e gestão tributária para o novo modelo.
Como as empresas podem se preparar
Empresas que desejam atravessar a transição com tranquilidade devem começar a se preparar desde já. Algumas medidas recomendadas são:
- Acompanhar de perto as regulamentações que ainda serão publicadas.
- Investir em tecnologia para adequação de sistemas de gestão fiscal.
- Contar com apoio de uma contabilidade consultiva, que auxilie na interpretação da lei e no planejamento tributário.
- Simular cenários de alíquotas para avaliar impactos no fluxo de caixa.
Não restam dúvidas, os próximos anos serão de grandes mudanças, logo, o suporte e o apoio de uma contabilidade especializada será fundamental para todas as empresas, independente do porte ou tipo de atividade.
Conclusão
A criação do IBS e da CBS marca uma virada histórica no sistema tributário brasileiro. Eles substituem uma série de impostos fragmentados e complexos por dois tributos mais simples, transparentes e alinhados ao modelo internacional de IVA.
Embora a transição traga desafios e exija preparação, os ganhos de longo prazo tendem a ser significativos: menos burocracia, mais segurança jurídica e um ambiente de negócios mais competitivo.
Para as empresas, o segredo está em planejar com antecedência. Com apoio de uma contabilidade especializada, é possível não apenas se adaptar às novas regras, mas também transformar a reforma tributária em uma oportunidade de crescimento.
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