Carnê-leão ou CNPJ: qual a melhor opção para profissionais da saúde?

Se você é médico, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, dentista ou outro profissional da saúde que atua de forma autônoma, já deve ter se deparado com a dúvida: vale mais a pena pagar os impostos pelo carnê-leão ou abrir um CNPJ?

Essa decisão impacta diretamente o quanto você paga de tributos, sua margem de lucro, como você é percebido no mercado e até suas possibilidades de crescimento.

Por isso, é fundamental analisar as vantagens e desvantagens de cada modelo, de forma realista e atualizada com base na legislação vigente — especialmente diante das mudanças trazidas pela Reforma Tributária.

Neste artigo, a equipe da Gescontil Contabilidade explica tudo o que você precisa saber para escolher entre carnê-leão ou CNPJ com segurança.

Entendendo o carnê-leão: o que é e como funciona

O carnê-leão é uma forma de recolher o Imposto de Renda para profissionais autônomos que recebem de pessoas físicas, sem vínculo empregatício. Isso inclui, por exemplo, um psicólogo que atende pacientes particulares em seu consultório, sem emitir nota fiscal.

Esse imposto é apurado mensalmente e deve ser recolhido até o último dia útil do mês seguinte ao recebimento do pagamento.

Alíquotas do carnê-leão (2025)

As alíquotas do carnê-leão seguem a tabela progressiva do Imposto de Renda, atualizada para 2025:

Faixa de renda mensal (R$)AlíquotaParcela a deduzir
Até R$ 2.259,20Isento
De R$ 2.259,21 até R$ 2.826,657,5%R$ 169,44
De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,0515%R$ 381,44
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,6822,5%R$ 662,66
Acima de R$ 4.664,6827,5%R$ 896,00

Além do IR, o profissional autônomo precisa contribuir com o INSS como contribuinte individual, com alíquota de 20% sobre os rendimentos.

Isso significa que, dependendo do valor que você recebe por mês, a carga tributária pode ultrapassar os 40% da sua receita, considerando IR e INSS.

Como funciona a atuação com CNPJ para profissionais da saúde

Ao optar por atuar com CNPJ, o profissional da saúde se formaliza como empresa prestadora de serviços, podendo emitir notas fiscais e escolher o regime tributário mais vantajoso.

A maioria dos profissionais da saúde pode se enquadrar em dois tipos de empresa:

  • Empresário Individual (EI) ou Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), caso atue sozinho;
  • Sociedade Limitada (LTDA), caso atue em sociedade com outros profissionais.

O regime tributário mais usado é o Simples Nacional, mas também é possível optar pelo Lucro Presumido ou Lucro Real, dependendo do faturamento e da estrutura da empresa.

Tributação no CNPJ: quanto se paga?

Abaixo, mostramos como funciona a tributação para CNPJ nos regimes mais utilizados pelos profissionais da saúde:

💡 Simples Nacional

O Simples Nacional unifica impostos federais, estaduais e municipais em uma única guia (DAS). Profissionais da saúde são enquadrados no Anexo III ou V, a depender do Fator R:

  • Se folha de pagamento ≥ 28% do faturamento bruto: Anexo III (alíquota inicial de 6%).
  • Se folha de pagamento < 28% do faturamento bruto: Anexo V (alíquota inicial de 15,5%).

Exemplo:

Se um fisioterapeuta fatura R$ 10 mil por mês e tem uma folha de R$ 3 mil, ele pode ser tributado pelo Anexo III, pagando R$ 600 de imposto (6%), ao invés de até 40% como pessoa física.

💡 Lucro Presumido

No Lucro Presumido, a Receita Federal presume uma margem de lucro para cálculo do IRPJ e da CSLL. Para serviços de saúde, essa margem é de 32% sobre a receita.

A carga tributária total, incluindo PIS, COFINS, IRPJ e CSLL, gira em torno de 13,33% a 16,33% sobre o faturamento.

Este regime é vantajoso para quem não tem muitos custos com funcionários, mas fatura acima do limite do Simples Nacional (R$ 4,8 milhões por ano).

Outras vantagens do CNPJ para profissionais da saúde

Além da redução de impostos, atuar com CNPJ oferece outros benefícios importantes:

✅ Emissão de nota fiscal

Facilita a prestação de serviços para clínicas, hospitais, planos de saúde e empresas. Muitos contratantes exigem NF para repassar pagamentos.

✅ Dedução de despesas

Empresas podem registrar despesas operacionais, como aluguel de consultório, equipamentos, materiais, internet e energia, o que reduz a base de cálculo dos impostos, especialmente fora do Simples Nacional.

✅ Contratação de equipe

Com CNPJ, o profissional pode contratar secretárias, recepcionistas e até outros profissionais da saúde, gerando crescimento e profissionalização do negócio.

✅ Acesso a crédito

Empresas têm mais facilidade para obter empréstimos com juros mais baixos, limite de cartão maior e linhas de financiamento específicas, como do BNDES e bancos privados.

Quando vale a pena manter o carnê-leão?

Embora o CNPJ traga inúmeras vantagens, há situações em que o carnê-leão ainda pode ser mais prático, como:

  • Profissionais em início de carreira, com faturamento inferior a R$ 2.500/mês;
  • Quem atende apenas pacientes particulares, de forma eventual;
  • Quem ainda está testando o mercado e não tem despesas significativas.

No entanto, mesmo nesses casos, é essencial monitorar o crescimento da renda. À medida que o faturamento aumenta, o carnê-leão deixa de ser vantajoso e passa a representar uma carga tributária excessiva.

E com a Reforma Tributária, o que muda?

Com a Reforma Tributária já aprovada e em processo de transição, a tendência é que a atuação com CNPJ continue sendo a opção mais econômica.

Isso porque, com a unificação de tributos no CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e no IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), quem atua como pessoa física passará a pagar tributos que antes não eram exigidos, como PIS, COFINS e ICMS, sem direito a créditos ou compensações.

Já os profissionais com CNPJ poderão compensar tributos, transferir créditos e ter mais transparência na apuração dos impostos, especialmente fora do Simples Nacional.

Conclusão: Carnê-leão ou CNPJ — o que é melhor?

Se você é um profissional da saúde que fatura mais de R$ 5.000 por mês, abrir um CNPJ é, na maioria dos casos, a melhor escolha.

A tributação é menor, o profissionalismo é maior, e as possibilidades de crescimento se ampliam. Além disso, com a chegada da Reforma Tributária, a desvantagem de atuar no CPF tende a aumentar ainda mais.

Por outro lado, quem está no início ou atende esporadicamente, ainda pode usar o carnê-leão, mas deve ficar atento ao limite em que essa opção deixa de ser vantajosa.

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